Eu saí para resolver alguns probleminhas na rua, coisas simples, no entanto cansativas. Depois de andar de um lugar para outro pelo centro da cidade, decidi parar por alguns minutos.
Acabei entrando em um Café. Sabe aquele lugar que dá gosto de entrar? Quase tudo nele me fazia lembrar a casa da minha avó, com a exceção, é claro, das máquinas e a enorme televisão passando uma série americana.
Receita de Café Expresso
Você irá precisar de:
1 xícara de agua recém-filtrada;
50 g de café solúvel;
2 xícaras de açúcar (refinado, você pode refinar o açúcar em casa);
1 xícara leite;
Canela em pó a gosto.
O preparo:
01 Em uma batedeira, adicione o café, açúcar e a água;
02 Bata os ingredientes por 7 minutos ou até que se forme um creme (algo próximo ao ponto de sorvete);
03 Aqueça uma xícara de leite;
04 Adicione ao leite já aquecido 1 colher de sopa do creme e misture até que esteja completamente dissolvido;
05 Sobre a xícara com o café, polvilhe a gosto canela em pó.
Ignorei a televisão e me concentrei na música bem calma que tocava até ser atendida. O lugar não estava cheio, mas o atendente demorou um pouco ao telefone e como parecia algo sério, eu deixei passar.
"Basta seguir as medidas na lateral", ele dizia. "Mas e se ficar muito amargo?", a velhinha logo disparava. "Não vai ficar, as máquinas fazem tudo... Aquela ali, qual o nome? Ah sim, Magnifica S De'longhi, consegue até moer os grãos."
Depois acabei descobrindo o nome dela, Elizia da Silva Barros, impossível esquecer devido à eloquência e orgulho em cada sílaba enquanto a velhinha falava. Elizia ficou impressionada com tudo, fazendo um milhão de perguntas. Confesso que até mesmo eu, que sou relativamente jovem, parei para pensar sobre.
Quando cheguei em casa, correndo — um milhão de coisas para fazer, afinal, vida de dona de casa é sempre uma corrida —, mesmo arrumando alguma coisa em um canto, depois correndo para a máquina de lavar, eu tive algum tempo para perceber o mundo ao redor. Tudo ficou tão fácil, tão simples. Em outra época, por exemplo, teria que fazer todo o trabalho de moer os grãos do café com um pilão, todo aquele esforço.
Você sabe, antigamente até que a vida era boa. Afinal, não dá para sentir falta do que nunca teve. Nossos avós ainda não conheciam as maravilhas de nossa época.
Foi na máquina de lavar que tive a ideia: vou fazer café expresso aqui em casa, sem máquina mesmo.
E lá estava eu, correndo de um lado para o outro, novamente atrás da receita, até que repentinamente dei de cara com o computador. Você acredita nisso? De tanto pensar em tecnologia, esqueci-me do computador e da internet. Pode parar, não ria de mim.
Alguns minutos pesquisando e lá estava:
Você sabe, ainda há algo que está mexendo comigo: Elizia, a velinha toda entusiasmada com o café da máquina e no final prometendo que compraria uma. Acho que sou eu a velha aqui ignorando a verdade. Não é bem o processo de como alguém faz o café, mas sim a paixão por trás dessa pessoa.
É, a velhinha estava certa em comprar uma máquina daquelas, e acho que eu vou acabar facilitando essa paixão também.